sexta-feira, 28 de maio de 2010

"In Anfang war die Tat"

Cara, hoje eu estou alucinado!!
Tomei café por volta das 16h, agora são 22h!
Não é possível que seja o efeito retardado.
Enfim, de qualquer jeito, vou escrevendo aí e vamos ler o que vai sair...afinal, hoje estou de bom humor!

Hoje participei de eventos interessantes.
Iniciei pelo habitual grupo de estudos em corpo e corporeidade, sempre muito bom, com nosso grande Merleau-Ponty e todos os fascínios que a fenomenologia apresenta.
À tarde participei de uma jornada de psicanálise sobre amor e seus transtornos.
O que? Você está rindo? Qual o problema de EU participar de algo com esse tema?
HAHAHA, sim!
Fiquei deveras assustado. Encontrei algumas coisas legais na psicanálise, senti medo de mim mesmo!
Quanto ao amor, quem sou eu para falar disso! HAHAHA!

Acho que já falei disso uma 500 vezes aqui, mas não custa repetir.
Apesar do post de ontem estar uma grande merda e desorganizado, eu achei que certas partes valem a pena serem levantadas novamente, de forma mais organizada, com mais calma.
Ora, hoje, por algum motivo desconhecido, cruzou-se em minha cabeça aquilo que escrevi ontem e uma pensamento de um psicólogo aí.
Toda essa coisa que falei ontem sobre decisões é muito importante, são as decisões que geram os atos.
Ou melhor, são as escolhas, que geram decisões e que, por sua vez, geram os atos.
Pode parecer meio redundante as "escolhas" e as "decisões" e, por isso, discorrerei sobre cada uma das três.
Considero escolhas as alternativas que temos. Sim, sim, as alternativas não são escolhas, são alternativas. O que quero dizer é que considero como escolha o fenômeno de escolher, como ato.
Sempre quando penso nas escolhas eu lembro de Sartre. Apesar de nunca tê-lo estudado profundamente, gosto do que conheço sobre ele.
A frase "O homem está condenado a ser livre" bate bem nesse ponto das escolhas.
A liberdade é justamente a liberdade que temos para fazer escolhas, e somos condenados a ela pelo fato de que, a partir do momento que 'existimos', temos que fazer escolhas, não há como fugir delas.
Ora, as escolhas geram conseqüências, e essa angustia de ter que fazer a escolha sem saber qual é a conseqüência gera a chamada náusea.
(Se alguém que souber melhor Sartre e ver algum erro aqui, por favor, corrija-me. Como disse, estou falando o que entendi, e meu entendimento nem sempre é correto.)
Preferi separar escolhas de decisões justamente por essa náusea que aí está.
As decisões considero como as escolhas feitas, quando já convictas estão. Quando já está decidido a encarar as conseqüências da alternativa escolhida.
A importância que dou para as decisões está no fato delas gerarem todo aquele processo que tratei no post de ontem, ou seja, o processo de preparação do ato.
Acho fantástico a amplitude que nossa imaginação pode tomar. E penso também que toda essa previsão abstrata de como o ato ocorrerá deve ser considerada como uma experiência. Não sei muito bem como articular, e nem tenho base suficiente para isso. Mas considero esse fenômeno bastante importante.
(Tenho que estudar melhor esse ponto, no futuro voltarei a isso.)
E, finalmente, os atos.
Ora, vou privar-me de explicar os atos e simplesmente citarei a frase do psicólogo, como disse anteriormente.
" 'Atos' nunca foram inventados, foram feitos. "
Esse "tal" psicólogo é ninguém menos que o grande Carl Gustav Jung. (Em "O homem e seus símbolos, página 101 da 2ª edição brasileira)
Creio que nem preciso explicar, e acho que a explicação até tiraria toda a "magia" dessa frase.

Acabo de ver aqui no livro do Jung que antes dessa frase, o psicólogo cita Goethe, em Fausto, com a frase "In Anfang war die Tat"(No começo era o ato).
Estou apenas usando isso para brincar com o texto, na verdade. Se você voltar e olhar o que escrevi lá em cima sobre as escolhas, você lerá:
"O que quero dizer é que considero como escolha o fenômeno de escolher, como ato."
Ora, a escolha em si já é um ato. Pode parecer meio confuso, mas o que me vêm à cabeça no momento é que o próprio ato tem seu começo num ato anterior, e este foi conseqüência de uma escolha entre duas(ou mais) alternativas. Caí numa dialética e, por enquanto, daí não consigo sair.
(O contexto que o Jung cita isso no livro, que inclusive é o mesmo da frase anterior, é totalmente diferente daquele que eu estou querendo abordar, mas penso que ambas frases estão abertas a diversas interpretações.)

Bom, quero deixar claro que tudo isso que escrevi não tem base nenhuma. Posso ter escrevido muita merda. Isso é somente uma reflexão qualquer, que achei interessante escrever sobre, justamente para tentar chegar a algum lugar. E, percebo que escrevendo consigo alcançar pontos que não consegui antes.
Acharia interessante discutir caso alguém queira questionar.

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Enfim, falei, falei, e... qual o ponto mesmo?
Chega de teoria e vamos àquilo que sempre trato aqui. A vida em si.
A minha, em específico, já que não conheço nenhuma outra a fundo para discorrer!
Bom, consigo formar uma concordância de toda aquela dialética com o que vivo.
Ultimamente tenho batido bastante nesta tecla aqui. Todas discussões sobre ser direto, etc.
Ora, tudo isso faziam (e faz), na verdade, parte do processo de escolha.
Ser direto? Não?(são as alternativas)
Faz tudo parte da tomada de decisão para um ato (digo de passagem que é particular e não cabe ser dito). Mas o que percebo é que quando essa decisão está tomada e estou pronto para as conseqüências, há algo que impede o ato de existir, um retorno as escolhas. E talvez tudo isso esteja ligado a experiência, que torna a decisão questionável.
Mas com tudo isso não vou chegar ao ponto que quero e, mesmo que eu esteja correto com todos esses pensamentos, de que servirá para mim, enquanto vítima dessas escolhas, saber o funcionamento disso tudo?
Trazendo a aula de Gestalt-Terapia que tive essa semana: O que interessa é "Como" e não "Porque".

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Agradeço a paciência de quem agüentou ler até aqui, foi mais de uma hora e meia escrevendo.
Ora, depois de ter agüentado isso, o que custa um comentário? haha.

mhfrote.

Um comentário:

  1. A distinção entre escolha e decisão é perfeitamente cabível.

    O fato de eu escolher é diferente da decisão pela convicção absoluta, irremediável, daquilo.

    A vida e suas consequências... liberdade é apenas uma seleção das consequências mais benéficas ou menos maléficas.

    Acho que vou me embriagar. :P

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Mi infierno es su infierno!