sexta-feira, 28 de maio de 2010

"In Anfang war die Tat"

Cara, hoje eu estou alucinado!!
Tomei café por volta das 16h, agora são 22h!
Não é possível que seja o efeito retardado.
Enfim, de qualquer jeito, vou escrevendo aí e vamos ler o que vai sair...afinal, hoje estou de bom humor!

Hoje participei de eventos interessantes.
Iniciei pelo habitual grupo de estudos em corpo e corporeidade, sempre muito bom, com nosso grande Merleau-Ponty e todos os fascínios que a fenomenologia apresenta.
À tarde participei de uma jornada de psicanálise sobre amor e seus transtornos.
O que? Você está rindo? Qual o problema de EU participar de algo com esse tema?
HAHAHA, sim!
Fiquei deveras assustado. Encontrei algumas coisas legais na psicanálise, senti medo de mim mesmo!
Quanto ao amor, quem sou eu para falar disso! HAHAHA!

Acho que já falei disso uma 500 vezes aqui, mas não custa repetir.
Apesar do post de ontem estar uma grande merda e desorganizado, eu achei que certas partes valem a pena serem levantadas novamente, de forma mais organizada, com mais calma.
Ora, hoje, por algum motivo desconhecido, cruzou-se em minha cabeça aquilo que escrevi ontem e uma pensamento de um psicólogo aí.
Toda essa coisa que falei ontem sobre decisões é muito importante, são as decisões que geram os atos.
Ou melhor, são as escolhas, que geram decisões e que, por sua vez, geram os atos.
Pode parecer meio redundante as "escolhas" e as "decisões" e, por isso, discorrerei sobre cada uma das três.
Considero escolhas as alternativas que temos. Sim, sim, as alternativas não são escolhas, são alternativas. O que quero dizer é que considero como escolha o fenômeno de escolher, como ato.
Sempre quando penso nas escolhas eu lembro de Sartre. Apesar de nunca tê-lo estudado profundamente, gosto do que conheço sobre ele.
A frase "O homem está condenado a ser livre" bate bem nesse ponto das escolhas.
A liberdade é justamente a liberdade que temos para fazer escolhas, e somos condenados a ela pelo fato de que, a partir do momento que 'existimos', temos que fazer escolhas, não há como fugir delas.
Ora, as escolhas geram conseqüências, e essa angustia de ter que fazer a escolha sem saber qual é a conseqüência gera a chamada náusea.
(Se alguém que souber melhor Sartre e ver algum erro aqui, por favor, corrija-me. Como disse, estou falando o que entendi, e meu entendimento nem sempre é correto.)
Preferi separar escolhas de decisões justamente por essa náusea que aí está.
As decisões considero como as escolhas feitas, quando já convictas estão. Quando já está decidido a encarar as conseqüências da alternativa escolhida.
A importância que dou para as decisões está no fato delas gerarem todo aquele processo que tratei no post de ontem, ou seja, o processo de preparação do ato.
Acho fantástico a amplitude que nossa imaginação pode tomar. E penso também que toda essa previsão abstrata de como o ato ocorrerá deve ser considerada como uma experiência. Não sei muito bem como articular, e nem tenho base suficiente para isso. Mas considero esse fenômeno bastante importante.
(Tenho que estudar melhor esse ponto, no futuro voltarei a isso.)
E, finalmente, os atos.
Ora, vou privar-me de explicar os atos e simplesmente citarei a frase do psicólogo, como disse anteriormente.
" 'Atos' nunca foram inventados, foram feitos. "
Esse "tal" psicólogo é ninguém menos que o grande Carl Gustav Jung. (Em "O homem e seus símbolos, página 101 da 2ª edição brasileira)
Creio que nem preciso explicar, e acho que a explicação até tiraria toda a "magia" dessa frase.

Acabo de ver aqui no livro do Jung que antes dessa frase, o psicólogo cita Goethe, em Fausto, com a frase "In Anfang war die Tat"(No começo era o ato).
Estou apenas usando isso para brincar com o texto, na verdade. Se você voltar e olhar o que escrevi lá em cima sobre as escolhas, você lerá:
"O que quero dizer é que considero como escolha o fenômeno de escolher, como ato."
Ora, a escolha em si já é um ato. Pode parecer meio confuso, mas o que me vêm à cabeça no momento é que o próprio ato tem seu começo num ato anterior, e este foi conseqüência de uma escolha entre duas(ou mais) alternativas. Caí numa dialética e, por enquanto, daí não consigo sair.
(O contexto que o Jung cita isso no livro, que inclusive é o mesmo da frase anterior, é totalmente diferente daquele que eu estou querendo abordar, mas penso que ambas frases estão abertas a diversas interpretações.)

Bom, quero deixar claro que tudo isso que escrevi não tem base nenhuma. Posso ter escrevido muita merda. Isso é somente uma reflexão qualquer, que achei interessante escrever sobre, justamente para tentar chegar a algum lugar. E, percebo que escrevendo consigo alcançar pontos que não consegui antes.
Acharia interessante discutir caso alguém queira questionar.

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Enfim, falei, falei, e... qual o ponto mesmo?
Chega de teoria e vamos àquilo que sempre trato aqui. A vida em si.
A minha, em específico, já que não conheço nenhuma outra a fundo para discorrer!
Bom, consigo formar uma concordância de toda aquela dialética com o que vivo.
Ultimamente tenho batido bastante nesta tecla aqui. Todas discussões sobre ser direto, etc.
Ora, tudo isso faziam (e faz), na verdade, parte do processo de escolha.
Ser direto? Não?(são as alternativas)
Faz tudo parte da tomada de decisão para um ato (digo de passagem que é particular e não cabe ser dito). Mas o que percebo é que quando essa decisão está tomada e estou pronto para as conseqüências, há algo que impede o ato de existir, um retorno as escolhas. E talvez tudo isso esteja ligado a experiência, que torna a decisão questionável.
Mas com tudo isso não vou chegar ao ponto que quero e, mesmo que eu esteja correto com todos esses pensamentos, de que servirá para mim, enquanto vítima dessas escolhas, saber o funcionamento disso tudo?
Trazendo a aula de Gestalt-Terapia que tive essa semana: O que interessa é "Como" e não "Porque".

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Agradeço a paciência de quem agüentou ler até aqui, foi mais de uma hora e meia escrevendo.
Ora, depois de ter agüentado isso, o que custa um comentário? haha.

mhfrote.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Pior post do blog!!!!

Bom, mesmo com 2 revisões de literatura para fazer eu estou aqui escrevendo.
O pior de tudo é que nem sei o que escrever!
Apenas tenho vontade de tirar "isso" de mim, mas "isso" não sai...
Não custa tentar...vou apenas discorrer um pouco, então.

Todas as semanas eu me decido a fazer algo. Algo forte, complicado; não uma coisa qualquer!
Mas na maioria das vezes não cumpro.
-Oh, seu covarde, blah, blah, blah...
Não, não, posso ser covarde a ponto de dar um tiro nas costas de um homem, mas não ao ponto de negar algo de mim mesmo.
Muitas vezes não cumpro essas decisões por não conseguir cumpri-las, a maioria delas não dependem só de mim.
Essa semana não foi diferente, estou com uma decisão pronta e bem preparada.
Preparada? Acho melhor dizer "fantasiada".
Sabe aquela coisa bela que você imagina?
Oh, em sua cabeça passa certinho como tudo ocorrerá, as perguntas que virão, as respostas que você vai dar, está tudo pronto!
Chega na hora não da nada disso. E você se pega pensando: "Hm, não tinha pensado nisso. Diabo!"
É, meu irmão, o que fazer, daí?
Ora, faça nada! "лучше ничего не делать!"(melhor não fazer nada)
Como já diria o velho russo barbudo.
E seria maldito se não colocasse a frase que ele disse logo após aquela:
"Лучше сознательная инерция!" (É melhor a inércia consciente!)
Ou seja, esqueça todos os preparativos e viva a experiência do aqui-agora!

Tá, parei...

O que mais que posso escrever...
Ahh, aqui não tenho mais nada a escrever!!!
Agora mesmo poderia escrever linhas e linhas, páginas e páginas, mas nada que convém colocar aqui.
Tento apenas colocar tudo isso aqui de forma indireta, mas...mas...mas... hoje não estou conseguindo.
E de que vale ficar jogando tudo indiretamente?
Se é tão indiretamente, ora, quem vai entender se não eu mesmo?
E qual a importância de outras pessoas entenderem?
E qual o motivo de eu estar me perguntando tudo isso agora?

Parei, parei...ahh...que agonia!

Credo, eu sou doente!

Hoje percebi que talvez eu não sirva para ser psicólogo, e talvez não sirva para ser uma pessoa também.
Mas enfim, vou tentar ser os dois de qualquer jeito!

Ahh, parei por aqui, hoje está foda!
Pior post do blog!


domingo, 23 de maio de 2010

"(...) Ah, minha querida, o que interessa o estilo? Pois agora já não sei nem o que estou escrevendo, não sei mesmo, não sei de nada, nem sequer releio, nem corrijo o estilo, escrevo por escrever, apenas para lhe escrever mais... Minha pombinha, minha querida, (...)"
Dostoiévski, F. M., Gente Pobre, 1846

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Hoje, não?

Ora, ora, vejam só, eu escrevendo por aqui.
Agora mesmo estava firmemente decidido a não escrever hoje.
Após isso, fiquei num grande conflito: escrevo ou não escrevo?
E agora, estou aqui. Escrevendo! Lindo, não?

Não, não é lindo.
Eu não queria escrever aqui porque sentia-me muito exposto. Sabia que estaria sendo muito pessoal, mais do que já sou normalmente.
Talvez não seja a questão de ser pessoal(pois, como já disse, assim sou sempre), mas sim de ser direto. Lembram de tudo aquilo que escrevi no último post?
Não serei totalmente direto, mas temo chegar perto disso.
Mas sabem, no fundo é isso que eu quero. Eu gostaria de ser totalmente direto, seria o maior(em tamanho) post no mundo 'blogístico'.
Imagine só, você(sim, você mesmo, sabe que estou falando de você!) chega aqui, vê seu nome escrito seguido por dois pontos e abaixo todos os pormenores de tudo que tem sido expressado apenas através do silêncio.
Seria revolucionário! Isso sim seria lindo!
Podem me perguntar: Mas assim, tudo publicamente?
E por que não?
Enfim, não farei isso. Apenas escrevi isso porque sei(ou melhor, não sei) até que ponto a imaginação pode nos levar(me leva longe todas as noites).

Engraçado como é possível brincar com a simbologia da palavra 'você' num texto que estará exposto publicamente!
Essas quatro letras ocultam outras, e jamais a revelam! Guardam o segredo de seu real significado eternamente!
O que realmente determina o significado não é a palavra em si, mas sim todo o outro conteúdo a ela referido. O significado se revela no todo, e o todo não é simplesmente a soma das partes.
E o que mais me fascina nisso tudo:
O sentido final só se mostra a quem realmente foi destinado, mesmo que seja na forma de uma dúvida.
Em outras palavras, e brincando com a palavra em questão, posso dizer: O sentindo final só se revela a 'você'.

Todo esse medo de escrever hoje também está relacionado ao fato de eu talvez não conseguir escrever tudo que está aqui, em mim.
Algumas pessoas que me conhecem sabem que não vou muito longe utilizando apenas a fala. Faltam-me palavras, estruturas, um jeito bonito de falar. Isso quando são assuntos objetivos, não relacionados diretamente a mim.
Em casos mais complicados, simplesmente travo, gaguejo e sabe lá o que mais. Dê-me um papel e uma caneta que daí sim eu faço, como estou fazendo agora. Jamais seria capaz de falar o que aqui escrevo.
Mas com certeza seria capaz de escrever muito mais do que aqui está escrito.

Num post que deve ser de 2 meses atrás eu intimei vocês, meus leitores, a enviarem-me um e-mail sendo totalmente diretos comigo, eliminando as "preocupações sociais" e, em palavras mais filosóficas, reduzir fenomenológicamente seu pensamento sobre mim. Recebi apenas um e-mail, de um amigo, não convém expor seu nome.
Ele escreveu muito bem, fiquei feliz por ter recebido.
Quanto aos que leram e não escreveram, o que me desagradou não foi o fato de não terem escrito, mas sim de não terem solicitado para que eu escrevesse sobre eles. Uma 'contra-intimação', se é que posso chamar assim.
Se alguém me fizesse isso, eu ia dizer que o "espírito da coisa" havia finalmente sido compreendido!

Eu estava pensando em falar sobre escolhas hoje, mas isso não faz mais sentido para mim agora.
Então vou abordar um assunto engraçado: acho que vou chamá-lo de misticismo ou superstição.

Um ceticismo extremo. E acontece uma série de coisas que...Diabo! será possível?
A vida as vezes parece comprovar a existência do "gênio maligno" cartesiano. Eu não chamaria de maligno, mas sim de malandro, maloqueiro, um perfeito filho de uma puta!
Quebra aos pedaços seus planos que não tinham como dar errado e...
Espera aí...
Há coisas que acontecem e que... Diabo! tantas coincidências!
Algo bom. Parece que tudo se curva diante de você e, algo que parecia impossível, ali está como real.
Deste modo não seria um "gênio maligno", malandro, maloqueiro, ou filho da puta, mas o "bondoso senhor Deus".
Desculpem-me se atingir seus pensamentos pessoais, o que falarei trata-se unica e exclusivamente da minha opinião.
Eu me consideraria ingênuo de mais caso eu mesmo passasse essa responsabilidade a um ente qualquer e julgasse o caso como explicado.
Eu, hoje, prefiro chamar tudo isso de "acaso" a adquirir um comportamento supersticioso. Mas admito ter um enorme medo desse tal de "acaso".
Para ilustrar, o velho russo:

" 'Nem vão deixar a canalhinha sair!', pensava eu. 'Creio que eles não deixam que elas saiam para passear, ainda mais à noite (por alguma razão eu metera na cabeça que ela deveria vir à noite, às sete horas precisamente).(...)"(Dostoiévski, 1864, p.129)
"Nem ouvi que naquele instante a porta do vestíbulo de repente se abrira, devagar e sem ruído, e uma pessoa havia entrado e ficado ali parada, olhando-nos perplexa. Olhei para ela, fiquei petrificado de vergonha e corri para o meu quarto. Lá, encostei a cabeça na parede, com as mãos agarradas nos cabelos, e fiquei estático nessa posição.
Uns dois minutos depois, ouviram-se os passos lentos de Apollon.
- Tem uma tal aí procurando pelo senhor - disse ele, olhando-me de modo especialmente severo. Depois afastou-se para o lado para deixar passar: Liza! Ele não queria ir embora e ficou olhando-nos com ar irônico.
- Fora! Fora! - ordenei-lhe, sem me controlar. Nesse instante, meu relógio fez um esforço, chiou e bateu as sete horas."(Dostoiévski, 1864, p.134)

Sei que isso é apenas literatura, saiu simplesmente da cabeça do velho russo, foi para o papel e agora eu copio.
Mas quantas vezes isso não está presente em nosso cotidiano? Assusta, não?!
Eu tenho em minha vida algo que se procedeu dessa forma, faz algum tempo já, mas até hoje martela em minha cabeça.(Trairei a mim mesmo se aqui escrever esse caso.)
Tenho certeza que vocês também devem ter algum exemplo na vida de vocês.
Como já dizia Kant, o entendimento o humano não é capaz de entender coisas como essa.
Apenas abordo esse assunto aqui para dar um tom mais questionador na noite de vocês.

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Para finalizar vou descrever um causo que ocorreu hoje comigo. Não comigo, na verdade apenas ouvi. Um tanto quanto cômico. E, a pedidos, estou escrevendo, apesar de não estar suficientemente animado para isso.(Viu, Cristiano, aqui está! Haha!)


Estava eu, logo após o término da minha aula, saindo do prédio histórico da nossa universidade federal do Paraná e fazendo meu caminho rotineiro até os pontos de ônibus da Nestor de Castro. Subindo a São Francisco, vejo logo a frente um casal, ambos por volta dos 50 anos, vindo no sentido contrário ao meu. Encostado na parede, entre eu e o casal, estava o "cuidador de carros", que sempre está lá.
Quando o casal se aproximou do cuidador de carros, este segurou o braço do homem e começou a falar algumas coisas que eu não ouvi. A mulher ficou parada. Olhou para mim e depois para os dois conversando e ficou com uma cara emburrada, parecia que todos se conheciam. O homem começou a rir e saiu andando devagar com a mulher. Neste momento eu já estava quase ao lado dos três. A mulher, séria, vira para o cuidador de carros e diz, em alto e bom som:
-Que história é essa de que eu tenho um "negão"?
Não fiquei para ouvir resposta, apenas continuei andando e achando a situação cômica, ao menos para mim.

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Grato a quem tem lido e comentado por aqui!
mhfrote.


Referências:
Dostoiévski, Fiódor M. Notas do Subsolo, 1864.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

"Хочешь?"

Ah, meu caros, como esses dias tem sido duros comigo!
Nem a desgraça alheia me felicita mais.
Não estou dizendo que fico feliz com a desgraça dos outros, mas acho que todos sabem o que quero dizer: quando você vê pessoas que têm uma vida muito pior que a sua, dificuldades de todas as formas(físicas, mentais, financeiras), e então você pensa "não estou nessa situação... não tenho porquê reclamar!". E então você se sente revigorado e com vontade de viver, já que tem tudo para fazer isso.
Enfim, foi isso que quis dizer: Nem isso está me deixando revigorado.
Ah, que seja...

Há mais de uma semana apareceu uma enorme mancha vermelha no meu olho esquerdo, ela não desaparece. Pareço um viciado em drogas!
Se bem que recentemente tenho pensando muito em velhos vícios ou em fortalecer vícios que nunca larguei, alguns estão comigo por mais de 10 anos. Drogas alternativas, que não deixam meu olho vermelho, mas que me iludem e faz com que eu tenha um objetivo por alguns minutos.
(vão me faltar unhas!)

Ahh, como estou deixando as coisas aqui tão pessoais. Estou a falar de mim mesmo e não vou a lugar nenhum com isso. Garanto que vocês, leitores, também não.

Sei que já falei muito disso aqui, mas sempre gosto de repetir.
Como o ser humano é patético!
Damos voltas e voltas e voltas para tentar alcançar determinado objetivo, sempre nos precavendo das conseqüências, entre uma volta e outra tiramos a espada e damos uma cutucadinha para tentar trazer o objetivo mais próximo ou simplesmente para observar uma reação alheia.
Essas voltas e voltas e voltas são tão penosas para nós! As pessoas percebem o sofrimento, mas não percebem que elas mesmas o causam.
A vida fica nesse vai e vem de indiretas que as vezes não levam a lugar nenhum.
E quando uma pessoa é direta, a outra pessoa fica assustada, e diz: "não sei o que dizer, realmente não sei o que está se passando pela minha cabeça, preciso pensar."
As pessoas não estão preparadas para as coisas, mesmo quando as querem do fundo do coração!
Por isso esse rodeio todo.
Ah, sem falar que todo esse rodeio envolve a "preocupação social", que poucos admitem ter.
O que chamo de "preocupação social" é aquele medo que os outros não aprovem o que você tanto quer.

Enfim, não adianta você ler isso e pensar: "Realmente, concordo com o Marcelo. Mas, como tenho consciência disso, eu não faço!"
MENTIRA!!!
Faz sim! Todos fazem. Eu faço!
E fica muito difícil não fazer quando todos ao seu redor fazem. Ei, mas com isso não estou me justificando, falando que faço isso apenas porque todos fazem.
Não tenho justificativas para fazer isso, admito que é puro capricho meu(seu também, e de todos). Tenho inclusive minhas "preocupações sociais". Todos têm!
Admito haver um grande conflito entre meu "eu" e todas essas coisas, vocês percebem lendo aqui.
As vezes tenho simplesmente a vontade de ser direto, mandar as preocupações sociais à merda!(já inclusive fiz isso algumas vezes, a certo tempo atrás).
Estou pensando muito nisso, mas como podem ver, continuo no rodeio!
(Afinal, ficar escrevendo essas merdas aqui fazem parte desse jogo todo)

Bom, não interessa.
Nos últimos dias me isolei da vida. Quando chego em casa, tranco-me no quarto com meus livros e tento esquecer todo o resto(ou pelo menos não vivo todo o resto).
Mergulho naquele universo inexistente e lá fico, e lá estou, e lá continuarei. Afundado.
Até que alguém me resgate, um dia - ou nunca mais.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

"Ready for the bad things to come!"

Hoje vou escrever bastante, mas dividido em partes. Se quiser leia só algumas, ou não leia nada, assista televisão, está passando um seriado super legal!
Em primeiro lugar gostaria de deixar claro(mais do que já está) que eu sou um filho de uma puta e uso muita ironia no que escrevo aqui. Mas não significa que não é isso que eu penso, tudo que aqui está, está também em minha cabeça...infelizmente!
Dado ao aviso, vamos as desgraças da vida, meus irmãos e irmãs!(isso soou um tanto quanto religioso, mas que fique assim!)

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Começamos bem!
Semana maldita, poderia não ter começado! Poderia ter começado melhor!
Poderia, poderia, poderia, sempre nas possibilidades para fugir da realidade.
Quando vejo já estou afundado nessa merda!
Ok, respiro fundo e vamos voltar às coisas mesmas:
Semana do diabo!
...
Merda, percebi que sem cair nas possibilidades e nos meus desejos não sei o que falar.
Travei. Vamos mudar de assunto!

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Hoje encontrei alguns papéis um tanto quanto antigos.
Datava de 7 de janeiro de 2007 e se tratava de uma música que compus.
Apenas instrumental, sem letras(nunca gostei das letras que escrevi).
Não foi simplesmente um achado qualquer, levou-me a lembranças nostálgicas. Ah!
Consegui lembrar exatamente do momento que estava passando aquela música para o papel, era uma noite, em Winnipeg. Estava frio(muito frio) e eu estava me sentindo bem depressivo, como de costume naqueles tempos. Talvez não muito diferente de hoje em dia, haha!
Enfim, olhando para aquela data consegui voltar e sentir o que sentia naquela época. Um tanto quanto semelhante ao que eu sinto hoje, mas isso não interessa.
Seria isso o "voltar às coisas mesmas" de Husserl? Ah, se for, bendirei a fenomenologia!
Quem sabe essa música não vira uma música(de verdade), só escrever uma letra e dar alguns ajustes!
Hein, Cristiano, eu sei que você tem o infeliz costume de ler aqui, o que acha disso? Haha.

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Hoje foi um grande marco de passagem na minha vida!(olha aí a ironia que eu havia dito.)
Hoje me falaram que eu estava "parecendo gente".
Minha mãe falou que eu não estava "acabado".
Elogiaram meu cabelo, que foi cortado na última quinta-feira, comentaram sobre a barba feita(desde sábado), e uma blusa de lã que eu não usava desde 2007!
Concordo que minha aparência estava um tanto quanto bizarra nos últimos dias, mas não me importo. O pouco de vaidade que tenho já é suficiente para me incomodar.
Pela barba que fiz no sábado, devo acima de tudo pedir desculpas ao Dostoiévski. Eu estava querendo homenageá-lo e deixar a barba como a que ele tinha.
Desculpa aê, Dostô, fica para próxima. E quem sabe um dia não chego a homenagear Tolstoi!
Voltando aos elogios que recebi, principalmente ao que falou que eu estava parecendo gente e que não estava acabado:
Fiquei, de certo modo, impressionado!
Falam-me isso justamente num dia que eu senti-me tão morto, tão acabado, longe de ser gente.
Eu estava PODRE! Desmotivado, desgastado, afundados em pensamentos que talvez não me levem a lugar algum, por enquanto.
Para vocês verem como as aparências enganam!
Uma blusa de lã(estilo blusa de pai) pode transformar uma pessoa!

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Agora à noite, pouco tempo atrás, eu estava tocando violão.
Uma música que não tocava a muito tempo também. Na partitura está nomeada como "Jesus alegria dos homens", nome que não me agrada e muito menos me alegra.(ela tem um outro nome, mas não me recordo agora.)
Mas de qualquer forma é uma música muito bonita. Pra quem não sabe, é do grandioso compositor J.S. Bach.
Enfim, eu estava um tanto quanto aflito após encontrar "documentos" de 2007 e após sobreviver a esse dia infernal, pensando em tanta merda!
Digo de passagem, Jesus alegria dos homens não me confortou!
Talvez não seja eu um desses homens...

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Bom, tenho muito o que escrever ainda, mas acho que vocês perceberam que só estou escrevendo merdas.
Hoje não estou funcionando muito bem, talvez seja por causa dessa blusa de lã.

Para finalizar, não poderia deixar de mencionar o retorno dos dias cinzentos em Curitiba!!
Sejam educados e digam "Seja bem vindo, Sr. Céu cinza".
[isso significa que dias piores estão por vir!]
Mas como a diria a canção:
"Ready for the bad things to come!"

sábado, 15 de maio de 2010

Hoje, um tanto quanto confuso!


E novamente eu senti aquilo, novamente eu não sei o que fazer!
Se as escolhas fossem fáceis, não trariam conseqüências.
Sim, sim, as coisas poderiam ser mais fáceis, a consciência poderia não pesar, as pessoas poderiam não depender das outras. Oh, seria com certeza melhor.
Mas não é assim, então não adianta ficar se lamentando.
Basta ir atrás! Basta não ter medo!
E bastaria para mim se eu colocasse isso em prática.
Ah, quanta confusão!

(??)
**********************
Hoje não fiz merda nenhuma do meu dia, até tentei, mas ah...
Dias assim rendem pensamentos um tanto quanto bizarros.
Segue um deles:

O mundo moderno acabou com o romantismo que lemos em textos medievais ou clássicos!
O rapaz que, no momento de explosão da paixão, subia em seu cavalo, atravessava as pradarias, encontrava sua amável dama na janela de seu quarto, e lá declarava seu amor; agora já tem que agir diferentemente.
Deve pegar seu carro, abastecê-lo, enfrentar um trânsito maldito até encontrar-se na frente de onde mora sua amada. Lá, provavelmente, ela não estará na janela. (Ora, quem fica na janela? Hoje temos televisão e computador para se admirar no lugar de uma paisagem!) Deste modo ele terá que procurar uma disputada vaga para estacionar o carro, depois terá que falar com o porteiro do prédio para poder finalmente falar com a amada. E..e..depois de tanto stress você ainda acha que ele vai estar na mesma explosão de sentimentos para declarar seu amor? No máximo terá ânimos para dizer que a ama, nada muito elaborado. Afinal, todo o sentimento e o fogo que estava aprisionado em seu coração provavelmente fora liberado ao xingar tudo que encontrou no caminho até lá.
Esse é o fim do romantismo, meus caros!!
Afinal, hoje temos métodos mais velozes, não precisamos fazer todo um caminho e encarar a pessoa para expressar o que queremos.
Ora, use telefone, SMS, Nextel, MSN, Skype, Orkut, Facebook, MySpace, Twitter, poste no seu Blogspot!

Ai, ai... Chamem-me de antiquado, conservador ou do que quiserem...
Onde é que esse mundo vai parar?????

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Myltho Anselmo da Silva

Ah, aquela rua, aquele vento frio, e o poste de luz.
Eu tenho muita dificuldade de expressar as coisas falando, sempre prefiro escrever. Mas há coisas que nem escrevendo eu consigo atingir o ponto certo.
Esta noite eu estava parado esperando o ônibus. Era uma rua totalmente vazia, o movimento mais próximo era um bar, mais ou menos 200 metros dali, com pessoas alimentando diversos vícios. Não era na região central, o que tornava as coisas melhores.
O frio estava ali comigo, chegava mais perto quando vinha o vento.
A escuridão também estava ali, mas um poste se esforçava para não me deixar na escuridão total. Coitado, talvez a escuridão seria melhor do que aquela luz amarelada. Que iluminação depressiva!!
Carros que passavam em intervalos espaçados de tempo quebravam o silêncio, mas eu o mascarei utilizando meus fones de ouvido.
Lá fiquei, por vários minutos, observando folhas secas no chão, restos de uma pinha, o asfalto seco e as luzes de algumas casas distantes, que apagavam, acendiam, e apagavam novamente.
Fiquei em contato com aquele mundo, que está sempre ali, todos os dias naquele horário, havendo pessoas lá, ou não.
O céu estava estrelado mas com algumas nuvens que, ora rastejavam para onde o vento as levava, ora sumiam.
Arrependo-me não ter procurado a Lua.

De longe pude enxergar os faróis daquele ônibus amarelo virando a esquina. Não me importei qual ônibus era, todos os três que passam ali levam-me para casa. Estendi meu braço.
Quando estava mais próximo, eu pude ler o letreiro: Raposo Tavares. Quem foi ele? Um bandeirante, certo?! Não importa. O ônibus estava lá, parado.
Na verdade não estava completamente parado, a porta foi abrindo e o ônibus ainda estava freando. Tentei subir antes dele parar totalmente, preciso de aventuras em minha vida. Não tive muito sucesso. Digo, eu consegui subir com ele ainda em movimento, mas não foi uma aventura.

Entrando naquele ônibus senti-me vivo novamente(e isso não é bom). Como se estivesse voltando ao planeta.
Aquele ar quente, que poderia na verdade chamar de "bafo", pelo fato de 90% das janelas estarem fechadas, aqueles rostos que te olham como se dissessem: "Tem algo para me oferecer? Não? Então não me aborreça."
Não vou dizer que eu não estava com uma expressão amarga, mas pelo menos nos meus olhos estavam outras coisas. Mas ninguém olha para os olhos.
O ônibus partiu e aquela rua continuou lá, agora sozinha, mas estava lá. Afinal, ela pertence ao mundo, e o mundo, segundo Merleau-Ponty, é real e já está lá, antes da idéia de mundo.

Mas a fenomenologia não me ajuda em nada nessas horas que lembro da rua.
Aquela rua não significou muito para mim, na próxima quarta-feira estarei lá novamente.
O que me faz escrever tanto da tão elogiada rua não é ela sim si, mas o que ela me estimulou a pensar naquele momento.
Será que na próxima semana também verei seus olhos por lá?

sábado, 8 de maio de 2010

Hoje, com mais calma.

Vamos lá, mas vamos com calma.
Tudo o que escrevi aqui apareceu em minha cabeça e eu escrevi preciptadamente.
Podemos ver dois extremos, e vejo aí perigo.
Errei ao atingir os extremos. Se fui ao limite do negativo, ao limite do positivo, o que me resta?
Sim, ficarei com o zero.

Comentei sobre arriscar, sobre um tal de idealismo romântico.
Primeiramente sobre arriscar tudo, depois de não arriscar nada.
Ora, a vida em si é um risco, se eu não arriscar nada, não tiro meu pé de casa, não escrevo aqui.
Estou me expondo, de qualquer forma, isso é um risco!
Sim, existe o que eu metaforizei de roleta russa e não mudo minha opnião quanto àquilo.
Qual é a vantagem que posso tirar de uma roleta russa? Não há.
Então não tenho porque arriscar.
Não sejamos hipócritas, sempre procuramos uma vantagem no nossos atos e assim mantemos nossa sobrevivência.

O idealismo romântico.
Fui um tanto quanto ignorante! Como vocês não me corrigiram?
O que tem de idealismo no que eu disse inicialmente?
Pode-se retirar algo, mas pouco.
E se, ter alguma esperança de que a vida torne-se melhor é idealismo romântico, dê-me um tiro na cabeça!

Lendo um blog de um amigo essa semana, deparei-me com uma questão:
"O que ainda inventaremos para enganar a existência?"
Digamos que eu estava demasiadamente desesperado quando fiz meu comentário.
Mas a questão ficou em minha cabeça, e...
Ora, precisamos inventar mais alguma coisa?? A existência já não é enganada demais ?
Olhe envolta! Criamos cidades, educação, moral, conduta, ética, paixões, amores, relações familiares, e...e...e...preciso continuar?
Olhe para isso que citei e agora olhe seu animal de estimação.
Seja um gato, um cachorro, a aranha da parede ou o diabo... ele engana a própria existência?
Não. Ele vive, instintivamente.
E nós, vivemos, iludidamente.
Estou falando que devemos viver instintivamente?
-Não! Mas talvez seria mais simples.
Estou criticando nosso modo de vida?
-Talvez...Estamos quase chegando lá!
Não há nada de errado com o modo de vida "humano", com as relações familiares, amores, paixões(...), o problema está em quem vive esse modo de vida.
Se vivessemos instintivamente também geraríamos problemas.
E, sempre caio no que Dostoiévski diz: O homem é um ser bípede e ingrato.
Sempre estragaremos tudo.
O modo de vida talvez seja perfeito(não estou colocando em questão sistemas políticos, econômicos ou religiosos), mas a interpretação que alguns fazem dele o torna animalesco, selvagem, devorador e, na minha opinião, triste...muito triste!
Viver naquele constante jogo, procurar a vantagem que pode-se tirar.
Derrubar o oponente, utilizar uma estratégia para aliar-se a outro.
Você pensa que tem o domínio sobre tudo, que engana o outro, que assim terá tudo que quer e que é a partir dessas jogadas estratégicas que consiguirá o que quer.
Esse jogo engana. Engana os próprios jogadores.
No fim talvez você perceba que foi enganado por você mesmo e que, tentando não ser sincero com os outros, apenas faltou com a sinceridade para você mesmo.

Oh, as paredes do seu quarto e seu travesseiro que me digam se estou certo ou errado!
Quando você luta para não acreditar no que você sente, no que você tem medo!
Você não precisa admitir isso para mim, para ninguém. Apenas para você mesmo.

Tudo isso que escrevi, isso de a pessoa estar sempre fantasiando, jogando, enfim, sendo o que não é e tratando os outros falsamente, me lembrou uma frase de Werther, que por sinal me chamou muito a atenção, justamente por bater nessa tecla das relações humanas:
"Tenho vontade de rasgar o peito e estourar o crânio quando vejo que significamos tão pouco um para o outro!"

Enfim, minha cabeça não está mais saindo do lugar, vou parar por aqui.
A chuva cai suavemente, perfeito para dormir.
Estou, de certa forma, em privação de sono... E agora percebi que é mais tarde do que eu imaginava.

Com um texto resgatando tantas coisas, sinto-me no dever de passar as referências:
-Blog The Darkest Star (Cristiano Tulio): http://thed-star.blogspot.com/
-Записки из подполья(Memórias do Subsolo). Dostoiévski, Fiódor. 1864.
-Dei Leiden des Jungen Werthers(Os Sofrimentos do Jovem Werther). Goethe, Johann Wolfgang von. 1774.
-Posts antigos deste mesmo blog.
(Desculpem-me por não estar normatizado, haha)

terça-feira, 4 de maio de 2010

Reconciliação

Ah, ontem à noite tive vontade de escrever aqui, mas já estava deitado, era muito tarde. Deixei para essa manhã. Pois é, eu disse manhã! São 5 para as 7 horas, eu não acredito que estou escrevendo aqui!
Enfim, não estou mais tão eufórico como ontem à noite estava, a fúria já virou cansaço e angústa.

Só pra relembrar onde paramos e deixar as coisas bem claras, vou refazer uma pergunta:
Você nasce e morre para ser cauteloso durante sua vida?
A minha resposta óbviamente é sim! E vai continuar sendo!
Que besteira foi aquela que escrevi antes??
Arriscar?
HAHA, para que vou meter um 38 carregado na minha boca e puxar o gatilho, para arriscar?
Para que tentarei "brincar" de roleta russa?
Claro, eu sei que estou sendo extremamente exagerado, mas há coisas na vida que são como uma roleta russa, no sentido figurado.
Se possuo determinadas certezas, não vou ignorá-las para deixar de ser cautelos, ora!

Haha, na verdade dei risada de ler aquilo que eu escrevi.
Realmente, meus caros, cheguei ao ponto do ridículo!
Só quero mesmo deixar claro que tudo aquilo não passou de um exagerado idealismo que se apoderou de mim naquele momento, idealismo romântico. Muitos passaram a vida inteira nisso. Eu, por sorte, passei por isso na minha adolescência e as vezes tenho algumas recaídas, como podem ver.

Ahh, como é ruim enxergar o mundo por essa perspectiva novamente!
Mas é o mundo.
Agora digo, se você vive aí nesse idealismo romântico, pare de ler isso!
Ora, aproveite! Você tem uma vida aí pela frente!
Não mergulhe nesse "subsolo", como já diria Dostoiévski.

Dado o recado, finalizo-me.